quinta-feira, agosto 05, 2010

Novos Mundos Novos

Olhar o mundo rotineiro de uma forma diferente para assim descobrirmos novos mundos em um já considerado pelos nossos descobridores portugueses e espanhóis como mundo jovem. A exposição "Novos Mundos Novos" seria essencialmente a descoberta de um novo mundo em um mundo novo.
A modernidade adora fazer as pessoas se enfadarem rapidamente com a paisagem, o mundo ao seu redor e o nosso Brasil é jovem demais para estarmos cansados do que ele tem a mostrar...é necessário vê-lo, enxergá-lo com outros olhares, para vermos um novo mundo a cada dia.
Esta é a proposta de uma exposição muito bem pensada e impecavelmente linda presente durante o mês de agosto, setembro e outubro no Instituto Cultural Banco Real, lá pertinho do Marco Zero.
A exposição está distribuída em três andares. No térreo há imagens de mapas antigos, dos séculos XV e XVI, época das grandes navegações (esta seria a representação literal da descoberta de novos mundos), há também fotos lindas de paisagens brasileiras, instalações, pinturas, esculturas e xilogravuras.
Uma das minhas instalações favoritas desta primeira parte é uma sala toda em branco com corações de bronze que sobressaem nas paredes, a iluminação adequada concede um efeito muito bom: cada coração fica com um cor diferente.

"Ativação" - 1999 (Bronze banhado a ródio e luz colorida)


Detalhe de um dos corações, este sob o efeito da luz vermelha


Não poderia deixar de comentar a presença das xilogravuras do mestre Samico nesta exposição. Realmente perfeitas, sempre chamando atenção pela sua técnica primorosa em uma arte tão complexa com a madeira.

"O Sagrado" - 1997 - xilogravura - 56 x 80.5 cm

Francisco Brennand também marcou presença com algumas das suas esculturas. Uma delas é "O Ovo da Serpente", de 1976.



No primeiro andar estão duas instalações... um tanto quanto peculiares e intrigantes. Subindo as escadas, do lado direito encontramos uma sala repleta de pó de madeira, totalmente cheia de pó. Do lado esquerdo há uma sala em branco com imagens e vídeos sendo projetados sobre uma poltrona. Eu falei que eram peculiares! Sinceramente, passei muito tempo alí parada observando a instalação do pó de madeira, pensando em todas as alternativas possíveis, mesmo assim juro que ficou difícil de captar a intenção do Marcelo Silveira.


Pó - 2010 - Pó de madeira e objetos


La Siesta/The Nap/Dutje - 1995 - Videoinstalação - 8 min

O segundo e último andar da exposição me surpreenderam, foi alí que eu captei a verdadeira mensagem dos "Novos Mundos Novos"... os provocadores desta epifania? Os fotógrafos Lester Weiss, Eder Chiodetto, Choque Fotos e os animadores Paulo Meira, Daniel Herthel e Maria Leite. Na minha opinião foram eles os responsáveis pelo novo mundo em um mundo novo. Pura poesia! São pessoas de olhares requintados em sua simplicidade...porque requinte nada tem a ver com riqueza, dinheiro, marcas caras...requinte é ver o belo no nada...no mais simples dos objetos, esteja ele no meio da rua largado ou numa galeria de arte.

Ônibus, Salvador - Lester Weiss - 2007- Fotografia - 44,5 x 60cm



Esta exposição me fez pensar bastante sobre a questão do belo no nada... tão bem visto pelo grande poeta Manuel de Barros: "Sei que meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades."
Adorei e recomendo!
HORÁRIOS:
Terça a quinta, das 14h às 20h
sexta a domingo, das 14h às 22h.
Entrada franca
Exposição fica até o dia 31 de outubro

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